País Mesquinho

Como todos sabem eu não me encontro em Portugal, já há dois meses que estou fora, e como qualquer emigrante tenho curiosidade sobre o que se passa na nossa querida Nação.

À hora do almoço, tal como muitas famílias Portuguesas, reúno-me comigo mesmo à mesa para almoçar e num gesto muito simples ligo a televisão numa emissora não publica para me actualizar. Antes do Jornal sou “obrigado” a ver um programa que todos os dias me enche de informação completamente inútil.

Refiro-me claro ao programa “Sic 10 Horas”.

Hoje reparei que a “minha amiga” (sim amiga, porque os meus amigos estão lá na terra dos incêndios e eu estou noutro continente, agora os meus melhores amigos são o portátil e a televisão, ok, e a X-Box para jogar MotoGP até espumar da boca) Fátima Lopes regressou de férias. Fico muito feliz por isso porque sinceramente já estava a ficar deprimido com a apresentação da Sílvia Alberto, esta rapariga deve ter jeitinho para muita coisa menos para fazer programas de televisão, muito menos em directo…

E ai está, na rubrica que representa o ponto máximo daquele programa (Tertúlia Cor de Rosa) obtenho resmas de informações ainda mais inúteis que o resto do programa.

Hoje por exemplo fiquei a saber que o príncipe Alberto do Mónaco tem um filho bastardo de uma senhora de cor e que não quer reclamar a integração do filho na família real. Foi deveras importante para a minha cultura geral.

Mais que tudo os comentário do Cláudio Ramos deixam-me cada vez mais com a ideia que venho de um país muito mesquinho, que se dá ao luxo de contratar desempregados como apresentadores, que falam do que não sabem, discutem assuntos sem interesse, e ainda por cima num programa aclamado pelos portugueses, que aplaudem comentadores deste estilo (já para não falar do contributo da Maya e dos comentários especiais via telefone do Edgar Nascimento) é de lamentar o conteúdo da rúbrica deste programa.

O que me entretém é reparar na ausência de espírito das pessoas que são pagas para assistir a este programa. O que me deixa a pensar, fogo, há pessoas que fazem tudo por dinheiro.

Mas é como tudo, o outro bem me disse e com muita razão: “Não gostas? Muda de canal!”. Ao que respondi “Ó Balsemão, eu bem sei mas tenta implementar conteúdos interessantes, como por exemplo as causas da subida de água no Canadá, ou a razão de não haver fusos horários no Luxemburgo”. Ignorou-me completamente e quando reparei tinham acabado de entrar 3 agentes do corpo de intervenção de Carnaxide que tiveram o cuidado de me largar em Alfragide junto às portas do Bairro da Cova da Moura, mesmo após os meus últimos suspiros: “Por favor, deixem-me no Hospital…”

Decerto que o programa irá continuar a ter como tema assuntos inúteis que dão imagem fraca a Portugal para o estrangeiro. O que vale é que agora vai dar o Jornal e as noticias nacionais são da melhor qualidade.

Já que acabei o almoço vou até ao café tomar o dito cujo…

"Vidros: - É um café sff."
“Donna xica: - És qué já seguir. Ó Esprengada, esmuda ous canail que isso dos inxendios lá dos pullas não insteressa prá nada, espó ano hà mas inxendio pa ver, agora esmete na globo pa ver uns samba.”