segunda-feira, junho 26, 2006

Baile 2006

Mais um ano, mais um baile.

Primeiro queria pedir desculpa ao Alfredo por não ter ido ao jantar, não estava lá com muita vontade de ver comida á frente (tens razão groo, as cervejas do Lidl "Pilsner" rebentam com qualquer um..)

A propósito do baile, ainda tenho de dizer uma coisa antes que me esqueça. Ainda na semana passada comentei com o Seco que tinhamos de poupar dinheiro, pra depois podermos beber á vontade lá no baile, e veio á conversa se se pagava para entrar no baile. Eu dizia que se pagava , que a moda tinha pegado; e o Seco dizia que não, que ia voltar a ser como antigamente, em que o baile de Verão tinha entrada livre. O resultado todos sabem, e não consegui deixar de me rir quando, na portaria, me pedem 5euros pra entrar. Não é a questão do dinheiro, porque 5 euros não é nada, é a questão da atitute e de como as tradições se vão inegávelmente perdendo com o passar dos anos.

Fazendo agora um pequeno á parte, queria só dizer com muito orgulho que o meu carro era o único jipe estacionado na parada. Já está.

No geral, devo-vos confessar que gostei do ambiente do baile. A sala da tuna continua linda e castiça como sempre, muito acolhedora; os 2 bares cá fora estavam muito bem decorados, tinham um aspecto catita, e quero dar os parabéns ao pessoal que trabalhou lá porque realmente sabiam servir bem e com qualidade. O ginásio estava simples, mas é mesmo assim simples que fica mais bonito; ainda bem que deixaram de colocar cadeiras, porque as pessoas sentavam-se e ficavam a olhar os outros a dançar, fazendo lembrar as festas da terrinha em que as velhas se sentam à espera de verem alguém dançar para começar a codrilhar entre si. Pena foi a sala de alunos, um espaço tão bonito que podia ter sido melhor aproveitado.. (eu sei que não devem ter tido autorização pra fazer lá um bar, mas podia-se colocar uma aparelhagem com uma musica ambiente e umas revistas nas mesas. Assim dava a sensação que o pessoal só lá ia para ir á casa de banho..)

Em relação ao número de pessoas, estava meia-casa. É chato, mas cada vez que avaliamos a quantidade de pessoas temos sempre a tendência de fazer a comparação com tempos muito antigos, em que os bailes rebentavam pelas costuras. Mas é um erro, um grande erro. Para a altura do ano que é, para o tempo que estava, para a situação em que se encontra o Pilão, eu diria que foi uma muito boa casa. Aliás, comparar a quantidade de pessoas com tempos antigos, é como comparar as antigas enchentes de 120000 pessoas no estádio da Luz, para as de 65000 de hoje em dia... Não há comparação possível, são realidades diferentes.

Mas estou muito contente. Fiquei muito feliz por ter o meu irmão ao meu lado, acho que foi notório pra toda a gente.. Foi a primeira vez que ele foi a um baile do Pilão depois se ter bazado de lá como aluno. Fiquei mesmo mesmo contente, porra!!

Á medida que os anos vão passando, vou olhando prós bailes mais como uma oportunidade de rever os amigos antigos do que como um local para dançar e etc.. No fundo, é isso que os bailes representam para os ex-alunos, é essa oportunidade rara que não se pode desperdiçar.. A festa, as miúdas, as bebedeiras.. ficam prós putos.

Só para terminar, lembro-me de uma altura em que parei no terraço do ginásio e pus-me a pensar na quantidade de coisas que já se passaram naqueles espaços que a minha vista alcançava. Isto a propósito de uma conversa que tive com a minha namorada em relação á história que as casas têm no geral. Se quiserem saber quanta história tem a vossa casa, sentem-se por exemplo na vossa cozinha e olhem em volta, pensem na quantidade de pessoas que por ali já passaram, quantas já ali jantaram, quantas já ali estiveram com vocês e que já partiram para outro mundo, quantas tristezas, quantos dramas, quantas alegrias e felicidades já ali viveram.. e assim vêem que realmente cada casa esconde uma história muito própria, uma história que nasçe nas pessoas e morre nas paredes.

Isto a propósito de eu ter parado no terraço e ter olhado em volta.

Naquele espaço onde eu estava, exactamente naquele sítio e há uns anos atrás, tinhamos nós acabado de fazer a nossa récita, e toda a gente se estava a preparar para a Batalha, estava ali o Boguinha a chorar, porque estava super-doente e não ía poder participar na sua última Batalha.

Naquele espaço ocupado por dezenas de carros, lembro-me de numa aula de Ed Fisica ter marco um golo fenomenal, em que o professor me veio dar os parabens e toda a gente me bateu palmas (foi no ano em que entrei para o pilão, e a minha adaptação ainda foi dificil porque o pessoal em geral não aceitava muito bem um trapy)

No ginásio repleto de fumo e música, lembro-me das provas fisicas para entrar no Pilão e das 3 'barras' que tive de fazer com muito suor e que tanto me fizeram sofrer para passar no exercício. Tantos outros não conseguiram entrar no Pilão por não conseguirem fazer 3 estúpidas elevações..

Na parada á minha frente, as histórias são tantas tantas tantas que seria impossível algum dia lembrar-me de todas. Mas a que fica mais na cabeça são as milhentas formaturas ás 6h45, a bichinha pirilau por chegar atrasado 20 seg, o limpar as botas ás calças quando o graduado começava a passar revista, e o olhar de desejo de um dia poder ocupar aquele lugar no último pelotão, e poder usar sapatos em vez das botas. O que um gajo sonhou com esse privilégio..

Ainda olho para a sala de F. Quimica, onde rebentei um tubo de ensaio e onde roubava cristais azuis (ainda hoje não sei pra quê), olho também para o refeitório e para a enfermaria, mas as recordações são tantas que fico bebâdo de emoções e não consigo pensar em mais nada.

Foi então que começou a chover e, antes de entrar no ginásio, saboreei a chuva que caía lembrando-me do tempo em que quando estávamos formados e não podiamos falar, começava a chover e alguem dava ordem pra irmos para debaixo do terraço, e então saíamos a correr com um sorriso nos lábios, porque debaixo do patamar o espaço era muito apertado e tinhamos que ficar todos ombros com ombros, o que dava para falar em sussurros e, assim, esquecer mais uma manhã de sofrimento.

E posso dizer-vos que ali, no meio do pessoal, mandando bocas e piadas juntamente com o pessoal mais velho, eu era um puto com o maior sorriso deste mundo.

Abraços Riscados

the memory remains

6 comentários:

Marco disse...

Muito bom post.
Realmente dentro daquelas paredes tudo é uma memória viva.

Jasman disse...

recordar é viver! Muito bom post, alias tal como ja vem sendo teu hábito.

um pekeno pormenor, tu gostavas de ir lá para debaixo mas era para tar na rossa com o 101 e o batas!!!! seu fagote!!!!!! Lol

Anónimo disse...

bom apontamento pa.
se as paredes do elevador do refeitório falassem...
por exemplo entre milhões.

gostei de te ver

Anónimo disse...

Gostei mt do post
Tive imensa pena que o Jasman não estivesse cá para irmos.
Só fui a 1 baile e senti que estava a participar num momento único para todos vocês. Foi com muito prazer que participei nessa festa de reencontros e foi com muita pena que faltei a esta.
Vocês são 1 grupo fantástico, com quem se passa momentos descontraídos.

Lutem sempre pelos vossos sonhos e vão até onde for preciso!

Anónimo disse...

Pedras se não tens nada para dizer então não digas!
E quando julgares que tens alguma coisa para dizer, bate 25 vezes com a lingua no céu da boca e enquanto isso pensa se vale a pena o que vais dizer!

Próxima tirada do pedras...

Se as paredes do urinol falassem!

Anónimo disse...

Cum catano... quase que me vieram as lagrimas aos olhos com tanta memoria... são estas histórias, meus senhores, que nos tornam, Pilões, unicos no Mundo... a um anuncio de morte premeditada, eu respondo á Poeta: enquanto houver 1 Pilão no Mundo, o Pilão nunca morrerá.

1 Grande Bem Hajam...